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Foto do escritorDr. Alexandre C Martha

PROLOTERAPIA

Atualizado: 21 de mai. de 2022

É a infiltração de substâncias não biológicas, que estimulam a produção de fibrose ou enrijecimento do tecido.



TRATAMENTO COM INFILTRAÇÃO EM 3 PONTOS  COM PROLOTERAPIA DOS LIGAMENTOS DO TORNOZELO COM LESÃO CRÔNICA
PROLOTERAPIA NO TORNOZELO


CICATRIZAÇÃO

Aonde você tem uma articulação que sofreu uma torção, levando a lesão ligamentar crônica, que não alcançou cicatrização adequada, ex: entorse do tornozelo. Em casos de dor lombar crônica, sacroileíte, dor crônica na sínfise púbica e tendinite de adutores em atletas, fascíte plantar, tendinite crônica do Aquiles, artrose nas mãos e joelhos também é empregada essa técnica.


SUBSTÂNCIAS:

As substâncias mais utilizadas para essa técnica são a Glicose hipertônica entre 10 a 30% com Lidocaína; a Glicose hipertônica, glicerina, Fenol e lidocaína (foi abandonada) e o Morruato de Sódio (pouco usada atualmente).



MECANISMO:

Funciona da seguinte maneira: o tecido ao ser infiltrado sofre uma irritação que leva a inflamação local com consequente produção de colágeno (cicatrização). As substâncias também possuem uma ação tóxica sobre os receptores da dor o que consequentemente levariam a ausência de dor. Quando aplicada no interior de uma articulação ela tem o efeito analgésico e anti-inflamatório, por isso passou a ser usada também nas artroses.


TORNOZELO

Na prática são feitas infiltrações em vários pontos no trajeto do ligamento uma vez por semana durante vários meses. O uso do anti-inflamatório está contraindicado após a infiltração, uma vez que a técnica se baseia em provocar resposta inflamatória para produzir colágeno, caso sinta dor é melhor partir para os analgésicos e repouso. As atividades físicas também devem aguardar a resolução do processo de cicatrização.



Demonstração da localização da Rizartrose (artrose trapézio-metacarpiana do polegar) através de imagem radiografia
RIZARTROSE NA MÃO


MÃOS

As infiltrações em artroses nos dedos das mãos, foram realizadas com glicose hipertônica 10% e avaliadas após 6 meses, todos apresentaram bons resultados na melhora da dor e do movimento de flexão dos dedos; a dor em repouso e a força da pegada ainda precisam ser melhor estudadas. Em um estudo de artrose carpometacarpal do polegar se comparou dois grupos, um foi aplicada uma infiltração de metilprednisolona 40mg apenas uma vez; e outro grupo onde foi aplicada glicose hipertônica 20% com lidocaína 2% uma vez por mês, durante 3 meses. O resultado foi que quem tomou corticoide melhorou a dor no quarto mês, e o grupo que tomou proloterapia melhorou da dor no sexto mês. No sexto mês ambos os grupos obtiveram melhora da dor e da função sendo que os efeitos foram maiores no grupo de proloterapia que para o de corticoide.

FIGURA EM 3D DEMONSTRANDO LOCALIZAÇÃO DA ARTROSE FEMOROTIBIAL
ARTROSE FEMOROTIBIAL

JOELHOS

Os estudos de artrose em joelho demonstraram que infiltrações com Proloterapia realizadas fora e dentro da articulação obtiveram boa melhora da dor, mas não ocorreu crescimento da cartilagem e nem melhora da mobilidade, mas isso nos leva a crer que o tratamento na área externa da articulação com artrose melhora os estabilizadores e bloqueia as dores provenientes dos receptores da dor (nociceptores) que fazem parte também da doença (artrose).


DESENHO EM 3D DEMONSTRANDO LOCALIZAÇÃO DA ARTROSE SACROILÍACA BILATERAL
ARTROSE DAS SACROILÍACAS

SACROILÍACAS E LOMBAR

Os estudos em dor lombar baixa atribuída a sacroileite comparando 2 grupos, corticoide X proloterapia; ambos obtiveram melhora de 50% com 15 dias, mas esse resultado só se manteve por 6 meses na proloterapia, na infiltração com corticoide caiu para 10%.

Em um estudo com 177 pacientes acompanhados por 2 anos e meio, com queixa principal de dor lombar baixa nos ligamentos iliolombar e sacrilíacos associadas a diversos pontos da coluna vertebral se infiltrou proloterapia nas articulações interfacetárias dolorosas da cervical, dorsal, lombar e dos ligamentos sacroiliacos e iliolombares; 91% dos pacientes apresentaram melhora da dor, 85% houve melhora das atividades da vida diária e 84% relatou melhora na capacidade de trabalhar.


FIGURA EM 3D DEMONSTRANDO LOCALIZAÇÃO DO TENDÃO DO SUPRAESPINHOSO (SETA APONTANDO PARA A ÁREA BRANCA)
MÚSCULO E TENDÃO SUPRAESPINHOSO

TENDINOSE DO MANGUITO ROTADOR

O tendão do manguito rotador pode se apresentar

com dor crônica, aumentado de tamanho, com baixa vascularização e sem inflamação e sem lesão, nesse caso estamos diante de uma tendinose, diferente de uma tendinite (inflamação do tendão). Geralmente é tratado com analgésicos, exercícios e fisioterapia; muitos casos são resistentes ou demorados com esse tipo de tratamento e mesmo que melhorem sabemos que é um tendão que deve evoluir para uma lesão no futuro. Estudos comparando fisioterapia 3 vezes por semana X Proloterapia, demostraram melhora significativa da dor, amplitude dos movimentos e força isométrica da abdução, flexão e rotação interna, com 92,9% de excelente e bom resultado para proloterapia e 56,8% de excelente e bom resultado para o grupo de fisioterapia após um ano. Em nenhum estudo foi encontrada modificação morfológica do tendão ao exame de ultrassom, portanto a técnica promove melhora da dor porem não modifica o curso da doença que fatalmente levará a lesão futuramente.


EFEITOS COLATERAIS:

Lombalgia sem causa definida – 88% apresentou dor lombar imediata.

Dor de cabeça – poucos casos que desapareceram dentro de uma semana.

Dor na perna tipo irradiação – poucos casos

Dor e rigidez no local da infiltração – durou entre 12horas a 4 dias.

Distúrbio do sono

Menstruação irregular

Dor de cabeça igual a de uma punção lombar

2 casos raros de meningite após proloterapia em lombalgia resolvidos com tratamento simples

Um caso de aracnoidite adesiva que passou por ventriculotomia e craniotomia e resultou em morte do paciente.

Um caso de encefalomielite, resolveu com um shunt ventriculojugular e melhora do quadro.


CONCLUSÃO:

A Proloterapia é uma técnica barata com poucos efeitos colaterais, com muitos estudos promissores e conflitantes, não existe um protocolo estabelecendo regras para concentrações da glicose hipertônica e da lidocaína, e quando se deve associar o morruato de sódio ou a glicerina e ou fenol; qual o número ideal de infiltrações e o intervalo entre elas; se o ultrassom dirigindo a infiltração aumenta ou não a eficiência do tratamento. Tendo um protocolo poderíamos comparar com ácido hialurônico, PRP, BMAC e Corticóide, mas por enquanto acredito que ela possa vir a ser um acessório no tratamento das artroses, já que sua infiltração externa aumenta a estabilidade articular e bloqueia os receptores da dor e o corticoide intra-articular promove alivio rápido da dor e não leva a alteração sistêmica, essa dupla seria barata rápida e eficiente no alivio imediato, e num segundo tempo, pra longo prazo injetar PRP intra-articular.



REFERÊNCIAS:


INJECTION TECHNIQUES IN MUSCULOSKELETAL MEDICINE

A PRACTICAL MANUAL FOR CLINICIANS IN PRIMARY AND SECONDARY CARE

Stephanie Saunders, FCSP, FSOM

Founder and Director, Orthopaedic Medicine Seminars, London, England Steve Longworth, MB, ChB, MSc (Sport and Ex Med), FRCGP,FRACGP, DM-SMed DPCR, FSOMGeneral Practitioner, CY O’Connor Village Medical Centre, Piara Waters, Perth, Western Australia

Fifth edition 2019


Regenerative Medicine for Spine and Joint Pain

Editors

Grant Cooper • Joseph Herrera

Jason Kirkbride • Zachary Perlman

Springer Nature Switzerland AG 2020

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